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Sobre a importância de perverter a educação

  • Bianca Módolo
  • 10 de dez. de 2017
  • 2 min de leitura

Ao estudar o conceito psicanalítico de “perversão”, é possível compreender que se trata de uma ideia que está de acordo com aquilo que transgride, subverte a norma estabelecida. Também percebe-se ser uma concepção em construção, uma vez que localiza-se divergências em seu estudo e entendimento.


Apesar destas diferenças, a perversão mostra-se como um tipo de funcionamento, onde em contrapartida a algo definido, estabelecido, oferece um paradigma que se opõe e rompe com a ordem vigente.


Neste sentido, a Psicanálise se opõe ao lugar do “suposto saber”, diverge da opinião de quem sabe algo sobre o outro. Me parece ser um “nadar contra a maré”, de ondas em constante movimento que direcionam para leste, enquanto o sol da Psicanálise brilha a oeste.


Grande interesse se faz ao sair do lugar da certeza, do confortável, da estabilidade, da confiança, e que por sua vez, certamente mobiliza inseguranças, medos e vulnerabilidades. No entanto, a Psicanálise aponta que esta é a real possibilidade de “vir a ser”, de existir e se constituir.


Ao envolver-se com a questão da perversão, identifica-se o quão cabível é a flexibilidade diante das situações que parecem ser intransigentes. Pode-se afirmar que a perversão encontra-se em qualquer possibilidade de confundir e desobedecer as leis.


Há que se considerar, que perverter pode se dar de maneira positiva ou negativa. Como exemplo de perversão negativa, pode-se citar a cleptomania, pois é algo que pode provocar prazer no indivíduo (justamente por estar subvertendo a ordem), mas que em um contexto maior e social pode suscitar grande desprazer, como processos judiciais e privação da liberdade através da prisão.


Já como exemplo de perversão positiva, não poderia deixar de lembrar da própria Psicanálise, que teve e tem importantes disposições com a medicina, que por sua vez representa uma das formas de normatividade quando do nascimento da Psicanálise e até atualmente.


São inúmeros os contextos sociais e culturais que se pode ter percepções sob o ângulo da perversão. Neste breve texto me deterei a educação.




Progressivamente, tem sido possível acompanhar as dificuldades enfrentadas pela educação, diante das novidades e desenvoltura infanto-juvenil. Parece não mais ser possível existir formatos hierárquicos dentro das escolas como via-se no século XX, onde o professor representava figura de autoridade e respeitabilidade dentro da sala de aula.


Atualmente acompanha-se crianças e adolescentes fomentadores, proativos e com grande suficiência. Parece que a educação está vivendo um momento de crise diante das radicais mudanças nos comportamentos e atitudes de seus alunos e um modelo de ensino com potencial para ser repensado.


Para tanto, estou considerando sobre um protótipo de educação que vem sendo empregada há tantas décadas, e que poderia se beneficiar de uma reformulação em sua estrutura. Quem sabe poderia ser possível a facilitação do aprendizado do indivíduo através de suas reais potencialidades, valorizando as aptidões inerentes.


No entanto, quão dramático parece ser ao ser humano refletir sobre as questões que estão postas, apontando para uma rigidez que paralisa e bloqueia atitudes.


Diante do exposto, fica a dúvida. Até onde a educação precisa não ser perversa?


Como subsídio a este texto que não pretende sobremaneira encerrar as reflexões sobre o assunto, mas apenas estimular possíveis considerações, assista o vídeo acima.

 
 
 

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